
Agôsto de 1963.
Nas antigamente chamadas Terras Devolutas da União, no Estado do Paraná, já desmembrado de sua matriz e hoje fronteira NOR-NOROESTE, São Paulo, uma sucessão inacreditável de fatôres desfavoráveis convergem perigosamente numa explosiva combinação de farto combustível estocado em pé, espalhado por hectares entremeados com gigantescas áreas de lavouras madeireiras contínuas, recheadas com milhares e milhares de Araucárias, resultando num dos maiores incêndios florestais já assistidos sobre a face da Terra.
Agôsto de 2008.
45 anos após a tragédia, os cerca de 128 municípios lindeiros atingidos pelo fôgo brutal e descontrolado, mal desconfiam do perigo e de seu passado tenebroso, devorando 600.000 alqueires de Matas Virgens Nativas, evaporando regatos, reduzindo à cinzas e brasas no calcinar de milhares de alqueires de Pastagens, Lavouras, Casas, Serrarias e até mesmo Ferrovias engolidas com suas Estações inteiras.

Sem contar Ranchos, Paióis de Milho, Colheitas Prontas, Criações inteiras de Porcos, Postes de Eletricidade e Fiação, Barcos, Ferramentas, Motores, Armas, Caminhões, Bicicletas, Cavalos, Charretes, Tratores, Combustível, Automóveis, Motocicletas, Jardins e animais de estimação como Cães, Gatos e Aves.

INCENDIO SIMILAR OCORRIDO NO ESTADO DE MONTANA ( USA )
Pertences inestimáveis, irreparáveis, irreprodutíveis, como Fotos, Roupas, Utensílios, Mobília e casas inteiras, além das Memórias pessoais de milhares de moradores de lugares de uma área inestimável do tamanho do Estado do Sergipe.
Sem contar os milhões e milhões de Pássaros, Insetos, Felinos, Cervídeos e outros animais selvagens e rasteiros afetados pela fumaça ou pela expulsão a fogo de seu Habitat Natural.

Somente uma única das Indústrias do ramo madeireiro, a Klabin do Paraná, teve nesses dois meses de incendios contínuos, cerca de 90% de seu patrimônio estocado "in vivo" completamente devastado pelas labaredas explosivas, destruindo as plantações de bosques imensos dos Pinheiros-do Paraná, a elegante e resinosa Araucária Angustifolia.

Muito provavelmente por ser a empresa bastante conhecida no Brasil e no mundo, ela acabvou por batizar a tragédia de proporções territoriais inimagináveis, que ficou sendo conhecida como O INCÊNDIO DA KLABIN.
A indústria madeireira como um todo, de Berçarios a Serrarias, de Estradas a Galpoes, de Lenhadores a Tratoristas, sofreu perdas da ordem de 17 Bilhões de Cruzeiros, dinheiro de 1.963, valores inimagináveis mesmo para perdas contemporâneas como ocorrem nas devastaçoes de grande escala, como sao os Tufoes, Tsunamis e Terremotos.

INCENDIO COM CALORIA DESPRENDIDA REVERBERANDO NO AR
Como essa tragédia, de um porte gigantesco e que, por "sorte", matou "somente" 100 pessoas (devido à baixíssima densidade de habitantes/km²), pôde acontecer ?
Por que não se previra sua ocorrência, dada a avançada agricultura madeireira ?
Incêndios corriqueiros anteriores, fartamente registrados (e debelados) , não foram didáticos o bastante para o aprendizado da lida e de tal ofício, regular e previsível ?
E os aceiros? Não eram suficientemente reconhecidos como Corta-Fogo, desde tempos imemoriais da lavoura de pinheirais, eucaliptos e afins ?
Existiam Brigadas de Bombeiros ou de Salvamento disponíveis ?
E hoje, a situação florestal, o manejo, o estoque vivo madeireiro, é muito diferente da de 45 anos atrás ?
Quantos hectares hoje em dia estão ocupados por Lenha, no lugar onde antes vicejavam Florestas SubTropicais intransponíveis ?
Teriam os gigantescos pinheirais, visiveis até de satélite, sido atingidos por incêndios naturais ?
A tragédia colossal, curiosamente, teve paralelo similar uma década e meia mais tarde na história paranaense, com a eclosao da Grande Geada de 1975 no Norte do Estado, ironicamente, também "incendiando" com o frio intenso e repentino numa única manhä luminosa e com sol, a ramagem de centenas de milhares de pés do chamado ´´Ouro Verde´´, queimando-o integralmente como fogo alto.
Já, o Incendio da Klabin, teve uma pré-anunciaçao no formato de Sêcas Prolongadas e perigosamente sucessivas, Colheitas Tardias, Estoque Especulativo elevado, Manejo inadequado e, finalmente, incêndios violentos em Lavouras e Florestas, colocando tudo à perder por dois meses a fio.
Some-se ao cenário calcinado de dia seguinte à uma Guerra Nuclear, o hábito caipira das roçagens à fogo, extremamente disseminado no meio rural de outrora, onde então, o teatro de operações se encontrava montado e pronto numa equação explosiva, quase uma provocaçao infantil, nao fosse a ante-sala de uma tragédia inimaginavel.
Muito interessante;
ResponderExcluirEu tinha 10 anos e vi, sob a fuligem e o sol avermelhado, o desespero dos moradores da Vila Harmonia, guardo ainda em fotos amareladas veiculadas pela revista Fatos&Fotos as memórias assustadoras desta parte de minha história.
zezinhocassiano@hotmail.com